Um retorno à Amsterdam II


     Terceiro dia em Amsterdam. Acordar cedo no inverno europeu não faz muito sentido, por isso começamos nossa pernadinha por volta das 10h. Primeira parada: Leidseplein. Durante o dia a praça parece um entreposto para quem vem e vai de diversos lugares, e durante a noite seus cafés, bares e restaurantes ficam lotadinhos, criando um clima meio boêmio. Não resistimos e logo fizemos uma paradinha para um café, para aproveitar o calorzinho do sol em mais um dia em que o frio imperava.



     Ao sair da praça, tentamos encontrar o Max Euwe Centrum, um museu-escola-associação que leva o nome de um dos grandes referenciais desta arte que é o xadrez. Infelizmente, não encontramos. Não sei se o Google estava errado ou se nós é que somos muito toscos, mas não achamos o tal lugar. 
     Dali resolvemos conhecer o famoso Voldelpark, o parque que eu não havia conhecido na primeira vez que estive em Amsterdam. O parque não é, digamos, uma "atração para os turistas", é mais no estilo "viver como um local". Segundo consta, o parque possui em torno de 47 hectares (imenso) e dentro dele existem muitas pérolas escondidas. Tem um museu, um teatro a céu aberto, alguns pequenos lagos (e lindas pontezinhas), um café, uma grande área verde para um dolce far niente, uma galeeeeera passeando com seus cães, galera de bike, galera correndo, muitas crianças, muitos idosos .... enfim, tem de tudo! Passamos algumas horas caminhando pelo parque. Parando, observando. Caminhando novamente. É um passeio super tranquilo e, apesar de que era inverno e de a natureza se esconder no frio, tinha muitos encantos!





     Para chegar ao Vondelpark recomendo dar uma passada na rua Roemer Visscherstraat, onde estão as chamadas "Seven Countries Houses", que são sete casas construídas no final do século XIX, cada uma representando um estilo arquitetônico diferente: Italiano, Russo, Alemão, Holandês, Francês, Espanhol e Inglês.
     Saindo do Voldelpark recomendo uma caminhadinha pelo entorno (Willemspark), que é super residencial e bem familiar, fugindo um pouco do agito dos canais que é a região central.
     Seguimos pela rua Willemsparkweg até chegar no Museumplein, a região que abriga os mais famosos museus de Amsterdam: o moderno Stedelijk Museum, o Teatro Het Concertgebouw, o Museu Van Gogh, o Diamond Museum e, finalmente, o enorme e imponente Rijksmuseum. Eu quase tive um treco porque queria muito conhecer o Rijksmuseum, já que da outra vez que estive em Amsterdam ele estava em reformas e não pude visitá-lo. Mas me contive, afinal, eu e o Tiago tínhamos combinado que eu ía conter meus desejos por museus nesta viagem. Aiaiaiaiai. Se me deixam, passo o dia dentro dos museus e não vejo mais nada em lugar algum. Ficamos por ali, vendo a turistada se matando para tirar uma foto no "I AMsterdam", vendo as crianças deslizarem de patins na pista de gelo instalada no meio do enorme Largo, vendo o tempo passar e tomando nosso café.





     No nosso dia "like a local", seguimos para o Albert Cuyp Market, que fica na região de De Pijp. Não achei a região das mais convidativas, mas queria ver se eu tinha uma impressão diferente da tradicional feira de Amsterdam, já que da primeira vez eu não havia gostado muito. Bom, foi melhor do que da primeira vez, mas não sei se foi por causa do inverno ou se não fomos no dia certo, pois esperávamos mais da tal feira/mercado de rua. Haviam algumas - poucas - barraquinhas com comes e bebes, algumas servindo pratos prontos, outras produtos coloniais como verduras, frutas, queijos e peixes, mas a grande maioria das barracas oferecia apenas algumas quinquilharias made in China e roupas de segunda mão. Nada super atrativo.


     Passamos pela cervejaria da Heineken, onde rola a visitação, chamada Heineken Experience (que é muito legal e vale a pena ir) e fomos tentar a sorte em outra feira, a feira de Waterloo, que fica bem próxima à Ópera Nacional e ao Museu Casa de Rembrant (outro lugar imperdível em Amsterdam). Bom, acho que realmente não era um bom dia para feiras e mercados, porque o Waterlooplein Market também não foi grande coisa. Acho que boa parte dos expositores não estavam a fim de montar seus negócios naquele dia. Também, já era meio tarde.
     Depois de passarmos pela Zuiderkerk, resolvemos relaxar das pernadas e tomar uma coisinha. Optamos por conhecer a famosa "cervejaria do moinho", a Brouwerij 't IJ, famosa pela tradição e qualidade. A cervejaria fica um pouquinho longe do centro, mas vale a pena justamente por isso, por não estar no foco dos turistas mais fadigados. O moinho ao lado da cervejaria artesanal é um mimo, e a não ser que a pessoa faça um tour pelo interior, não acho que verá um tão bonitinho pela cidade. Além dos tours para conferir como as cervejas são feitas, tem um pub em anexo onde é possível pedir um menu degustação, para saborear as diferentes variedades do fermentado produzido no local.
     Como era inverno (acho que já mencionei isso :) ) e o ambiente interno do pub é muito pequeno, logo fomos embora, porque se tem coisa que detestamos é lugar apertado e lotado. Já meio decepcionados e com um desejo quase que perturbador por um bom drink, paramos em um bar logo ao lado da cervejaria, na beira do canal, o Langendijk. Por fora não parece grande coisa, mas resolvemos entrar. Já que estávamos ali, que mal teria? E foi um ótimo achado. Lugar quentinho, confortável, com decoração meio rockabilly, meio jazz, meio moderninha e ótimo atendimento. Preços salgadinhos, mas a vista para o canal e a boa música fizeram valer a pena. Em alguns dias da semana rolam showzinhos, pena que não soubemos do lugar antes. 


     Para nos despedirmos da noite de Amsterdam, nada como o bom The Pint, com os clipes no telão, o atendimento tosco - e muito legal! - do velho Big Franky e a cerveja no balcão.
     No dia seguinte aproveitamos para ficar um pouco mais na cama. Durante a manhã compramos alguns souvenirs com o - pouco - dinheiro que sobrou, e tomamos um tram para irmos até a pseudo-rodoviária, onde embarcamos rumo à uma - longa - viagem até a República Tcheca. Mas isso já é outro post.