BUDA + PESTE - PARTE II

     Nosso terceiro dia foi dedicado ao lado Peste.
     Como havíamos caminhado muito nos dias anteriores e eu não conseguia admitir a ideia de pagar uma fortuna para andar naqueles ônibus turísticos, decidimos encarar o transporte público de Budapeste. Pagamos o equivalente a R$10,00 cada um para acessar de modo ilimitado os meios públicos de transporte por 24h. Também optamos por isso porque, ao contrário de muitas cidades, não precisaríamos necessariamente andar somente de metrô (o que nos faria deixar de ver muita coisa), porque a cidade é toda cortada por Trams, aqueles trenzinhos que andam na superfície, tipo um Trensurb (de POA) muito melhorado.
     Pensamos em ir até o Mercado das Pulgas, para ver se conseguíamos algumas pérolas antigas com precinhos camaradas, mesmo que ele fique bem longe do centro da cidade. Mas tivemos uma grata surpresa! No caminho do metrô, encontramos uma feira de antiguidades na Praça Deák Ferenc! Muuuito bacana! Compramos alguns "achados" e seguimos nosso roteiro.


     Bom, começamos pegando a linha 2 do tram, que é uma linha bacana, porque anda de um lado ao outro nas margens do rio Danúbio e também porque não utiliza modernos trams, mas um bem antigão, que parece de madeira.

     Finalizando o nosso tour no "amarelinho" (o apelido carinhoso que demos aos vagões), partimos para conhecer a maior construção da Hungria, que abriga o Parlamento. Bom, como mencionei antes, toda a cidade parece estar em obras, e o prédio do Parlamento não seria diferente. Uma pena, vimos pouco dele.


     Seguimos para a avenida Andrassy, uma das mais longas e importantes do lado Peste. A avenida é muito bonita, me lembrou um pouco Buenos Aires, Barcelona e Paris. Lá é possível encontrar lojas de estilistas renomados e bons restaurantes. Mas o nosso negócio não era esse, obviamente :-) Nossa primeira parada foi na Ópera, onde pudemos visitar somente o saguão (mas já nos tirou o fôlego, de tão lindo). Parece com a Ópera parisiense, só que pequetitita.




     Depois do almoço eu insisti para ir na House of Terror. Eu não sabia direito do que se tratava, achava que poderia ser um daqueles "museus furada" (tem vários desses lugares na Europa. Tipo, uma ou duas salas que abrigam algumas peças, sem curadoria nenhuma e que ae intitulam museus, como se pra ser museu bastasse expôr um conjunto de "coisas"), mas sabia que tinha alguma coisa a ver com o holocausto. Bom, paguei pra ver. E valeu. Cara, fantástico! Talvez "chocante" seja a palavra mais adequada. Muito da história contemporânea húngara e europeia está ali. O museu é muito bem montado e por si só já diz muito. Tem um roteiro definido, que começa com um resumo das duas ocupações contemporâneas na Hungria: a ocupação nazista e a soviética. E aí em cada sala vemos um pedacinho do desenrolar dessas histórias, até chegar no nível subterrâneo do prédio, onde ficavam os presos políticos, membros da resistência húngara. O prédio era, antigamente, sede da polícia, ora nazista, ora soviética (me lembrou um pouco o memorial da ditadura em SP, aquele perto da estação Luz). Bom, fiquei mais de 1 hora lá dentro e muitos sentimentos foram despertados. Em cada sala haviam telas que exibiam depoimentos de pessoas que viveram nesses regimes. É de arrepiar. Vale muito visitar.


     Pegamos o metrô e fomos até uma das grandes partes "verdes" de Budapeste (toda cidade tem um parque ou coisa assim, e esse é um ponto que não deixo de visitar em cada lugar que eu passo), a um parque que fica no final da Andrassy e que eu não lembro o nome. Descemos na estação Szechenyi (não tente pronunciar, mero mortal!) para conhecer o Szechenyi Gyógyfurdó (haha ... Tá, é um negócio que tem umas piscinas com águas termais naturais). Bom, nas fotos da internet o lugar parecia bem legal, mas chegando lá, lembrava um piscinão de Ramos melhorado.


     Andamos pelo parque até o Castelo Vajdahunyad. Lindo, lindo, lindo. Daí fomos até a Praça dos Heróis (nada demais) e então tomamos um ônibus, novamente rumo a Buda, para subirmos o monte da Citadella e nos despedirmos de Budapeste.





NOTES and TIPS:

- A LÍNGUA: o húngaro é bem diferente. Ás vezes parece alemão, ás vezes meio árabe. Sei lá. Coisa mais maluca esses eslavos. Não tem como entender nada, mesmo. A pronúncia é bem diferente da escrita. Mas aprendi algumas coisas básicas, como dizer olá, desculpe, muito obrigado e por favor. Acho que é o mínimo, que demonstra interesse e respeito pelo país que se está visitando. E eles ficam super felizes.
- COMENDO NA HUNGRIA: achei a comida meio insossa. Doc. Volnei experimentou diferentes tipos de Goulash (tipo uma carne em cubos refogada com cebola e outras coisas, parece uma carne de panela) e não gostou. Eu não tentei nada diferente, nem a dona Miriam, que parece estar mesmo aderindo ao vegetarianismo depois das cenas do mercado de Atenas. Em uma ocasião de almoço, seguimos a dica do nosso "host" e comemos no Oktogon Bistrô (perto do metrô Oktogon obviamente), uma espécie de "bastantão ajeitadinho". Pela primeira vez comemos em um buffet livre na Europa, e pagando pouco. Fica a dica.
- USANDO O TRANSPORTE PÚBLICO EM BUDAPESTE: depois de se acostumar com a língua, fica muuuuito fácil andar de ônibus, tram e metrô. Bom, nem vou falar do metrô porque é básico né. Mas falando em tram e ônibus, todas as estações/paradas tem um nome (que é o nome da rua que corta aquela em que está a rota do tram/ônibus). Cada parada também informa toda a rota e os horários. Dentro dos ônibus, trams e do metrô tem um painel eletrônico informando a próxima parada. Ou seja, não tem erro, não tem essa de "pedir para o motorista avisar onde tem que descer", haha. Além de tudo isso, no site da estatal de transporte públicos tem mapas disponíveis para download.
- MAIS SOBRE O TRANSPORTE PÚBLICO: não existe cobrador nos trams e nos ônibus. No metrô vimos alguns fiscais cobrando o ticket na entrada, mas não em todas as vezes que o usamos. Na teoria, tu deves comprar os tickets e validá-los nas máquinas nas estações ou quando entrar no meio de transporte escolhido. Bom, ninguém confere! Poooode ser que entre um fiscal, mas não vimos nenhum. Ou seja, na maldade, daria para andar de graça por tudo. Já pensou se fosse assim no Brasil?
- LITTLE PARIS: Budapeste tem vários "apelidos carinhosos". Além de ser chamada de "Pérola do Danúbio", Não foi por acaso que mencionei a semelhança desta cidade com a capital francesa. Budapeste também é conhecida por "Pequena Paris".
- THE HOUSE OF TERROR: foi o momento mais significativo da viagem à Budapeste. A cidade é linda, ok. Mas os sentimentos e ideias despertadas dentro da House of Terror foram impressionantes e me marcaram demais. É indescritível o que passa na cabeça quando vemos as imagens expostas lá, ou mais ainda, quando ouvimos o que aquelas pessoas tem a dizer. Para quem mora em países como o Brasil e/ou é muito jovem - ou seja, quem nunca viveu ou viu de perto um conflito como uma guerra, por exemplo -, fica bem difícil entender a dimensão de tudo aquilo. Não estou encontrando palavras agora ... mas essa experiência me fez pensar muito e me fez ter muita vontade de voltar a pesquisar.
- O QUE FALTOU: como sempre, queria ter mais tempo. Faltou assistir alguma peça ou concerto na Ópera. Todos os dias eles oferecem um tour guiado (se não me engano, as 15h) com um mini concerto de piano no final do tour, mas nosso horários não fechavam. Também não tivemos tempo de conhecer a grande Sinagoga e a Academia Liszt, que também abriga um museu em homenagem a esse grande compositor húngaro.
- WIRD, BUT FUNNY: várias vezes vimos uma galera numa espécie de "carrinho-bicicleta". Tipo, o pessoal sentado (umas 8 pessoas + o "motorista"), pedalando de lado (wtf!?) e tomando chopp (wtf!?²). Um modo genial de fazer um tour em grupo, hehe ...
- CITADELLA: o monte da Citadella é uma das regiões mais altas da cidade (aliás, isso é outra coisa que acho básica quando se vai conhecer um lugar novo: ir até o ponto mais alto para ter uma visão panorâmica). Na subida, vimos muitas mansões antigas e tal, é um bairro nobre. No topo, tem um pequeno forte, um museu, um restaurante, barraquinhas com produtos típicos e a enorme escultura que respresenta a liberdade. Para chegar lá tem 3 jeitos: podes subir a pé e seguir pelas ruas íngremes e sinuosas do bairro. Podes subir a pé utilizando as escadas - que parecem ter degraus infinitos - que começam quase em frente ao Danúbio, ou podes ir com ônibus. Olha, não recomendaria ir a pé. No way. Para subir de ônibus, vá até a estação de tram/ônibus chamada Móricz Zsigmond körtér (estação final da linha 6A) e então no início da rua Villanyi (tem que caminhar só 1 quadra) pegue o ônibus no. 27, que te deixa no topo. Barbada.