MOSCOU II: Mercado Público, Museus e Jardins de Alexander

DIA 2

     Como não poderia deixar de ser, fomos visitar um dos Mercados Públicos de Moscou, o Mercado Dorogomilovskiy, que fica próximo à estação Kiyevskaya (Киевская), uma das maiores da cidade, pois é também uma estação de trens interurbanos.
     Para chegar ao Mercado deve-se descer na estação e dar uma caminhadinha, mas fica pertinho.
     Em frente à Kiyevskaya há um shopping enorme, o European (Европейский), que vale a pena ser visitado, ainda mais em períodos de liquidações.
     O Mercado Dorogomilovskiy é muito interessante, muito limpo e organizado. A parte "fechada" consiste em um grande pavilhão, separado por áreas. O bacana é que os feirantes de cada área vestem uniformes diferentes, bem bonitinho. Tipo, o pessoal que vende peixes usa um uniforme listrado, tipo de marinheiro. O pessoal que vende carnes, usa um jaleco vermelho. E por aí vai.


     Mas o mais legal acho que é a parte externa. É tipo um camelódromo, onde cada feirante tem uma espécie de "casinha". Essa parte é gigantesca e tudo que tu imaginares pode ser encontrado por lá. Me chamou atenção as padarias (e não eram poucas) que também funcionavam nestes lugares minúsculos.

     Depois de comer algumas coisinhas pelo Mercado, tomamos o metrô novamente para seguir até o Parque da Vitória (Park Pobedy - Парк Победы), onde, entre outras coisas, está o Museu da Grande Guerra Patriótica (Центральный музей Великой Отечественной войны). Bom, é assim que eles chamam a Segunda Guerra Mundial. Só pelo nome já dá pra perceber como é criado esse imaginário da guerra entre os russos, onde as ideias de patriotismo e bravura são destacadas. Os russos não esquecem as dores e as perdas das guerras (por isso tantos museus e memoriais), mas sobretudo dão ênfase à essa espécie de heroísmo militar.


     O museu é muito grande e muito bem montado. Passamos algumas horas por lá e não conhecemos todos os espaços, em virtude de uma reforma pela qual passava o prédio. Novamente destaca-se o caráter nacionalista da exposição, uma vez que não há praticamente nenhuma legenda ou explicação em inglês. Aliás, nenhum funcionário do museu falava outra língua que não o russo. É um museu para os russos conhecerem a sua história, e se vangloriar dela também.



   Porém, para quem conhece um mínimo de história, vale muito a pena conhecer o espaço. Especialmente a sessão das batalhas travadas na Rússia, montada em várias salas que seguem uma linha cronológica, e onde estão pinturas 3D e dioramas que te fazem praticamente sentir a guerra.


     Saindo do museu, queríamos conhecer um pouco mais do parque. Para isso, resolvemos locar uma bikes. Aliás, em praticamente todo grande parque de Moscow existem "banquinhas" onde se pode locar bicicletas. Além do Museu da Grande Guerra Patriótica, o parque também abriga um museu à céu aberto com exposição de aviões e armas de guerra (tanques, canhões, etc), um memorial aos judeus (que estava fechado), e uma Igreja Ortodoxa. Para comer, existem várias opções de banquinhas que vendem refeições rápidas e lanches.



     Como só anoitece por volta das 22h30/23h durante o verão, ainda tínhamos bastante tempo para aproveitar a cidade. Queríamos muito ver a Praça Vermelha à noite, pois, segundo relatos, é um espetáculo. Faltava muito para a noite cair e resolvemos "matar tempo" nos arredores da Praça.
     Moscou, assim como outras grandes cidades russas, é cheia de bibliotecas públicas (Fica a Dica, again), mas uma, especialmente, me chamou a atenção e eu queria conhecer: a Biblioteca Imeni Lenina ou Biblioteca Nacional Russa (Библиотека имени Ленина). Fomos até lá (a estação de metrô é quase anexa à Biblioteca) mas não conseguimos entrar :-( O acesso é somente para pessoas cadastradas. Bom, pelo menos tivemos a graça de ver em frente à biblioteca um monumento à um dos meus autores favoritos, Dostoievski.


   Seguimos então para os arredores do Kremlin e da Praça Vermelha, o chamado Jardins de Alexandrovskiy ou Jardins de Alexander (Александровский сад). Lindo, lindo, lindo!





   Antes que a noite viesse, demos uma passadinha no Shopping Gum (ГУМ), que fica na Praça Vermelha. Lá dentro tivemos a oportunidade de ver algumas fotos antigas do lugar. Bem, há muito tempo funcionava ali uma espécie de grande feira até que um grande prédio foi construído para organizar o comércio. Nos primeiros anos após a Revolução Russa, o prédio era uma espécie de grande loja de departamentos, que, nos moldes da Revolução, vendia produtos a preços módicos e fixos, gerando longas filas no local diariamente. Hoje, o shopping é super luxuoso e conta com lojas de grandes - e caras - grifes internacionais. É pra poucos. E tudo isso é muito irônico na verdade.



     Finalmente começou a escurecer e então fomos dar a conferida na Praça Vermelha iluminada. Com uma noite limpa e um clima agradável, não poderíamos ter terminado o dia de maneira melhor.




NOTAS (À PROPÓSITO)

- A Moscou Moderna: próximo ao Mercado Dorogomilovskiy pudemos observar, ao longe, a parte mais moderna da cosmopolita capital russa.

- Andando de bike no Parque da Vitória: Tenho que abrir um parênteses para falar da nossa experiência com as bicicletas. Minha mãe, dona Miriam, nunca aprendeu a se equilibrar sob duas rodas (no mesmo dia, mais tarde, tentamos ensiná-la, mas acho que o "clima" não era propício :-)). E aí tínhamos um problema né. Não poderíamos deixá-la para trás, mas também não queríamos deixar de conhecer o parque. Na verdade é bem possível percorrê-lo todo a pé, mas naquele momento não tínhamos noção da dimensão do parque e achávamos que as bicicletas eram fundamentais. Eis que descobrimos uma "bicicleta de 3 rodas", para 2 pessoas. Gente ... o que se seguiu foi hilário ... enfim, só estando lá para ver ...

- Noivas?: Impressionante o número de noivas que a gente vê sendo fotografadas nos parques e nas ruas da Rússia. E não importa se é dia de semana ou não. Meio bizarro até.

- Shopping Gum: nem tudo é inacessível no Shooping Gum. No andar térreo fica uma loja/mercado chamado Gatronome Nº1 (гастроном 1). Ali se encontra de tudo um pouco, desde doces bem baratinhos até conhaques de 30.000 euros. Vale dar uma passada e, quem sabe, levar para casa uma especiaria ou uma bebida russa.

- Metrô à noite: segundo constava, as estações de metrô ficavam abertas até a meia noite, na grande maioria dos casos (algumas até 1:00). Eram pouco mais de 23h quando saímos da Praça Vermelha e fomos até a estação de metrô Ploshchad Revolyutsii (Площадь Революции). Bom, ela estava fechada. E aí achamos que todas as outras estações também estariam, obviamente. Ali na redondeza não vimos um ônibus, um táxi e estávamos exaustos para caminhar. Gente, quase bateu o desespero. Resolvemos dar um gás nas pernas e fomos para outra estação próxima (mesmo que tivéssemos que fazer algumas baldeações, pois seria fora de nossa linha). No fim deu certo, estava aberta. Ufa!