SÃO PETERSBURGO I: Fotaleza e Igreja do Sangue Derramado


     Aaaaah São Petersburgo ... linda que só ela, a última capital da última monarquia (de verdade) na Europa. Ali o leste Europeu encontra a Europa Ocidental, a era czarista encontra a modernidade, tudo com muita cor, charme e nostalgia. 
     Conhecida como "Veneza do Leste", encanta por seus canais, sua arquitetura e principalmente, pela história que carrega. Durante o reinado do Czar Pedro, o Grande (início do século XVIII), a cidade foi reformulada seguindo padrões estéticos da Europa ocidental para ser a capital do Império Russo. A partir daí, as coroações aconteciam em Moscou, mas a família real passou a ter residência oficial em São Petersburgo. No início do século XX, passou a se chamar Petrogrado e, logo após a Revolução Russa (1917), trocou de nome novamente (e também perdeu o posto de capital para Moscou), passando a ser chamada de Leningrado até 1991. A cidade é marcada por vários episódios que envolveram a família imperial russa, assim como também foi um dos palcos principais da Revolução Russa, e das duas Guerras Mundiais.

     Chegamos em São Petersburgo após 8h de viagem de trem, vindos de Moscou. Escolhemos fazer o percurso em trem noturno, ao invés de usar o trem rápido diurno, porque seria mais cômodo, nos pouparia tempo (afinal, estaríamos dormindo) e seria mais vantajoso em termos de $. E valeu. Viagem tranquila, wifi bombando e uma ótima noite de sono.
     Quando chegamos estava chuviscando um pouco, o que é péssimo para qualquer viajante, mas logo o tempo abriu. Nos acomodamos em um apartamento próximo à estação de trem e tomamos o metrô para irmos até a ilha onde se encontra a Fortaleza de Pedro e Paulo (Петропавловская крепость).
     Foi a partir daquela região que a cidade toda foi se erigindo. A fortaleza teve, portanto, diversas funções ao longo tempo. Hoje ela abriga um grande complexo cultural, cheia de museus, espetáculos e outros atrativos.
Vista da ponte que liga a ilha onde se encontra a fortaleza


     Escolhemos três pontos para visitação dentro da fortaleza: o Museu de História de São Petersburgo, Catedral de Peter and Paul e a antiga Prisão Trubetskoy.
     A Catedral, do século XVIII, não é grande coisa. Alguns membros da antiga família imperial russa estão enterrados por ali, mas fora isso, nada demais.
     O Museu de História de São Petersburgo é imperdível e requer algumas boas horinhas para ser visitado. É um passeio por toda a história da cidade, em todos os aspectos. Começamos nos remotos tempos da pré-história e findamos na cidade atualmente. Há um percurso pré-definido e cada sala tem uma temática especial (comunicações, transportes, economia, sociedade, política, ...), tudo bem montado, com peças originais, maquetes, vídeos, fotos, etc. Pra quem entende um pouco de russo, há várias exibições interativas, e eu acho isso o máximo!
     A Prisão Trubetskoy (Bastion Prison Trubetskoy -  тюрьмы Трубецкого бастиона) foi construída no final do século XIX (na verdade, havia uma outra prisão ali - onde ficou preso Dostoievsky - mas o prédio foi demolido e outro foi construído em seu lugar). Ali ficavam os presos políticos durante o regime czarista, em celas individuais e sem contato com outras pessoas. Em 1924 a prisão foi desativada e, desde então, podemos visitar os corredores, as celas e outros ambientes da prisão. É um passeio de arrepiar, mas que vale a pena.


     Saindo da fortaleza, pegamos a Ponte Trostsky até chegarmos ao Campo de Marte (de um lado) e os Jardins de Verão (do outro lado). No final do "parque" está o Castelo de Mikhailovsky, que não chegamos a visitar. Ali já começamos a nos dar por conta do porque a cidade é conhecida como Veneza Russa, ou Veneza dos Bálticos. Como foi construída às margens do rio Neva, sobre centenas de ilhas de todos os tamanhos, a cidade é cheia de canais, de todos os tipos. Além disso, no período czarista era clara a intenção de se aproximar da cultura ocidental, no sentido de modernizar as cidades etc.


     Então chegamos em um símbolo da cidade, a Catedral do Sangue Derramado, ou Igreja do Salvador do Sangue Derramado. A igreja ortodoxa recebeu esse nome porque foi erigida no local onde o Czar Alexandre II foi assassinado. Embora eu não curta muito arte sacra e acredite que tenha visto as mais belas igrejas na Itália, nesta vale a pena pagar para entrar. Se por fora os detalhes impressionam, por dentro ainda mais. Toda (e quando eu digo toda, é toda mesmo) a parte interna é revestida com imagens formadas por mosaicos. São pequenos pedacinhos que formam imagens lindas, de ficar de boca aberta.



     Seguindo pelo Canal Griboyedova, encontramos a Catedral de Kazan, uma das poucas Igrejas Católicas Apostólicas Romanas que vimos na Rússia e uma espécie de réplica do Vaticano.



     Voltamos para casa percorrendo a pé toda a extensão da Avenida Nevsky, uma das principais vias da cidade. Passando por museus, palácios, lojas, restaurantes, canais e pontes lindíssimas. Uma caminhada por esta avenida está no Top top do que fazer em São Petersburgo, seja para uma paradinha para uma refeição ou para uma comprinha, seja para vivenciar um pouco a vida local.

NOTAS (À PROPÓSITO)

- A recepção no apartamento: fiz a reserva do apartamento pelo site Airbnb. Foi fácil achar o prédio. À primeira vista, ficamos meio assustados, pois externamente tudo parecia caindo aos pedaços. Um típico prédio soviético, quadradão, simples, mas detonado. Elevador antiquíssimo, tudo escuro, fios aparecendo por todo lado, umidade ... mas para nosso alívio, o apartamento era muito bom. A disposição das peças era estranha (normal por ali), mas era bom. O engraçado foi que a pessoas que nos recebeu não era a dona do apartamento, mas uma faxineira ou camareira que não falava nada além de russo, e queria nos explicar como funcionavam as coisas no apartamento. Depois de muitos gestos e algumas tentativas de palavras, só fazíamos sinal de ok. Ela saiu de lá satisfeita e nós, até hoje, não entendemos absolutamente nada do que ela disse.

- Fortaleza de Pedro e Paulo: o acesso à fortaleza é gratuito, se paga apenas para entrar nos prédios e museus do complexo. Há tickets individuais e tickets combinados. Para facilitar a escolha, pesquise antes sobre as exposições temporárias que estão rolando e os acervos de cada museu. Em algumas das exibições o cartão de estudante ISIC dá direito à valor de entrada reduzido.

- Metrô de São Petersburgo: não existem muitas linhas de metrô na cidade e, por isso, fica bem mais fácil se virar nele do que no de Moscou. Apesar de não ter tanto luxo e detalhes quanto às estações de Moscou, as de São Petersburgo são igualmente limpas. Achamos legal o que vimos em algumas estações: à primeira vista, as plataformas ficam escondidas, mas na verdade não existe um espaço entre o saguão central e o acesso ao trem, por isso, as portas só se abrem na hora de embarcar.